Cada vez mais observa-se a necessidade de desenvolver lideranças capazes de cuidar das pessoas e impulsioná-las para a ação. Quando se fala em liderança integrativa, pressupõe-se entender o conceito de integração contemplando a inclusão para além dos aspectos relacionados a algum tipo de deficiência física ou mental. Torna-se essencial cuidar da comunicação inclusiva, pensar e agir de forma global e considerar a diversidade.

É certo que a pandemia é um dos maiores desafios que a humanidade já enfrentou. Está  afetando as relações interpessoais e desencadeando impactos na saúde mental, sem precedentes.

Os impactos causados pela exposição ao alto nível de estresse relacionado às preocupações com a sobrevivência, problemas econômicos e sociais, além da necessidade de lidar com o medo e com a perda, são fatores que não podem ser ignorados por qualquer gestor.

Nas relações de trabalho observa-se o despreparo em lidar com a emocionalidade, a dificuldade de acolher as pessoas e os dilemas do distanciamento.  Soma-se a isto, o fato de ser necessário ainda lidar com o impacto nas relações de trabalho do home office, sem o tempo para adequação, muitas vezes impactadas pela ausência de definição de processos, papéis, responsabilidades!

Neste contexto, não se pode deixar de considerar os desafios vividos pelos colaboradores para  manter o equilíbrio da rotina da casa, da família e suas respectivas demandas.

As mulheres acabam sendo sobrecarregadas com o desafio de conduzir o processo, principalmente no exercício da liderança. Pesquisa realizada nos EUA com mais de 2500 mulheres, demonstrou que 40% desejavam largar os cargos de liderança para cuidar dos filhos. Fato este observado também em organizações atendidas por mim em 2020.

Experiência que faz a diferença

Quando me vi com quatro crianças, de um dia para outro estudando em casa, foi desafiador! Mas tive que manter o equilíbrio, autocontrole, sem deixar transparecer a preocupação e ao mesmo tempo, planejar a rotina de estudo.

Na primeira semana, não tinha horário certo, coloquei os trigêmeos na sala de jantar e o mais velho no quarto, por ser mais focado, criando a primeira jornada de rotina.

Na segunda semana, a escola disponibilizou o horário, foi outra sequência de reclamação e adaptação, foi necessário criar uma rotina.

Depois, aos poucos, todos foram se adaptando. A rotina é fundamental para a adaptação, pois um pensamento leva a um sentimento, que conduz a uma ação. Esta ação, se repetida, leva a uma rotina, que conduz a um hábito e assim, muda-se o comportamento. Esta premissa fez toda a diferença na adaptabilidade de minha turma em casa.

No início trabalhava com eles na sala, hábito com o qual me adaptei há 18 anos. Nos horários de atendimento me recolhia para o quarto e assim está sendo a um ano e meio.

Nesta jornada, destaco 10 passos que foram importantes:

  • Ser empático com você
  • Comunicar a mudança
  • Acolher as emoções e sentimentos de cada um
  • Estabelecer uma nova rotina e dar tempo para adaptação
  • Comunicar nova mudança
  • Adequar a rotina e dar tempo para nova adaptação
  • Observar as diferentes reações e padrões, entender que cada perfil reage de um jeito, monitorar sempre
  • Ir ampliando os desafios e responsabilidades
  • Incluir novas rotinas aos poucos como atividades físicas, lanche especial e momento em família
  • Celebrar as vitórias

O conceito de liderança integrativa se aplica e está intimamente ligado a minha rotina como mãe, empresária, consultora e mentora. Precisei exercer a empatia primeiro comigo e com as minhas limitações e, também entender as pessoas de uma forma integral, deixar de fazer as ações para elas e passar a fazer com elas, em uma relação de reciprocidade e co-criação.

Quando se conhece o perfil da equipe, como uma mãe conhece cada um dos filhos, se favorece a comunicação e as relações, bem como, a estratégia de lidar de forma diferenciada e adequada a cada personalidade e condição.

Acima de tudo, é importante compreender o que está acontecendo. Este é um momento de mudança e grande fragilidade! Muitas vezes, memórias da infância podem vir à tona e desencadear diferentes reações e sentimentos. Nestas situações, é essencial entender o lado humano e criar espaços de convivência, escuta e inclusão.

Como está se adaptando a este momento?

Tânia Telles - WhatsApp
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